segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Nunca teremos Paris, Ilsa… Nada de relíquias deslumbrantes e secretas, não se ouvirão as risadas de excitação da urgência dos amantes, nem beijos de cristal entre brindes a Bordéus. Nunca agarraremos o Sena pelos colarinhos, cambaleando como pelintras pelas margens, voando em gôndolas imaginadas por cima dos telhados de Montmartre. Que a minha nação seja o álcool, etílica pátria, se não posso saciar a sede na fonte do teu peito. Nunca teremos cor no nosso famélico amor, para sempre cinzento e seco, alimentado a batatas e água estagnada. Não tem importância, meu doce. Sorri. Somos eternos, como fósseis amorosos a acasalar num sítio sem espaço, matéria, ou tempo. Essa eternidade é pura, e nenhuma circunstância terrena a manchará.

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