segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Nunca teremos Paris, Ilsa… Nada de relíquias deslumbrantes e secretas, não se ouvirão as risadas de excitação da urgência dos amantes, nem beijos de cristal entre brindes a Bordéus. Nunca agarraremos o Sena pelos colarinhos, cambaleando como pelintras pelas margens, voando em gôndolas imaginadas por cima dos telhados de Montmartre. Que a minha nação seja o álcool, etílica pátria, se não posso saciar a sede na fonte do teu peito. Nunca teremos cor no nosso famélico amor, para sempre cinzento e seco, alimentado a batatas e água estagnada. Não tem importância, meu doce. Sorri. Somos eternos, como fósseis amorosos a acasalar num sítio sem espaço, matéria, ou tempo. Essa eternidade é pura, e nenhuma circunstância terrena a manchará.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sete anos

O tempo voa, o tempo passa, o tempo não volta atrás. 
Sete anos passaram, como se rodasse a saia, Ó ROSA, aqui c'est la vie.
Escolhas entre escolhas, por motivos uns óbvios outros pouco vividos.
~
Fim.

Shot de vodka, por favor.


Amei, amei-te.

Não amei mais ninguém nem sei se sou capaz de o fazer. Nem quero, prefiro generalizar a coisa assim, de uma maneira tranquila, não me chateio, sinto horrores e dolores mas sei lá o que é o amor, nunca o esqueci, não sei o que é sofrer por alguém, porque deturpei o seu valor.
As minhas mãos estão a envelhecer e sinto-as gastas, noto na velocidade que escrevem sobre corações despedaçados, arrancados onde derramados líquidos foram lá escorrer.
Agora, quero o universo, quero dar as mãos às estrelas e ser somente mais uma no meio delas, quero roer-me de frio quando me deito no sofá, quero coçar o rabo porque estou sozinha, quero descalçar as meias de dias, quero tirar o tampão no meio da sala, quero cantar para a sanita, quero chorar de nada, quero viver desalmadamente sem qualquer receio de cair no primeiro passeio, ou de beber o ultimo gole, sabes porquê?
Porque amo existir.
Se sei o que é o amor?
Acho que não sei eu outra coisa.